“Eu sou uma muralha”: o relato de uma jovem sobre viver com uma doença inflamatória intestinal

Joyce Feitosa compartilha sua trajetória, os desafios da alimentação, o impacto na saúde mental e a importância do apoio para quem convive com uma DII

31/05/2025 13:54

Descobrir uma doença crônica na juventude é um desafio que muitos não imaginam enfrentar. Para Joyce Feitosa, receber o diagnóstico de uma Doença Inflamatória Intestinal (DII) foi um momento marcado por medo e incertezas. “Fiquei bem assustada recebendo o diagnóstico. O que me tranquilizou foi, no mesmo instante, a minha médica me dizer que vou viver a vida normal”, relembra a jovem, em entrevista exclusiva à Catraca Livre, para o especial de Maio Roxo, campanha que visa conscientizar sobre as Doenças Inflamatórias Intestinais (DIIs).

As DIIs, como a Doença de Crohn e a Retocolite Ulcerativa, afetam o trato gastrointestinal, exigindo atenção constante com a saúde, especialmente na alimentação, no tratamento e no acompanhamento médico.

“Eu sou uma muralha”: o relato de uma jovem sobre viver com uma doença inflamatória intestinal
“Eu sou uma muralha”: o relato de uma jovem sobre viver com uma doença inflamatória intestinal - Reprodução/Instagram @joyce_feeii

O impacto no dia a dia

Felizmente, hoje a doença de Joyce está em remissão, o que significa que os sintomas estão controlados. Ela relata que, no momento, não enfrenta dificuldades no cotidiano devido à DII. Porém, nem sempre foi assim. Quando a doença estava em atividade, os desafios eram muito maiores, especialmente no campo emocional.

A jovem conta que, mesmo diante das limitações, sua rotina precisou ser adaptada. Questões como alimentação, visitas frequentes ao hospital e a busca constante por medicamentos se tornaram parte da vida. “Com certeza, isso me fez amadurecer mais. São preocupações que outras pessoas na minha idade não têm”, reflete.

Vida social e alimentação

Quando se trata de convívio social, Joyce garante que sua rede de apoio fez toda a diferença. “Hoje em dia não sinto que impacta. Todos ao meu redor me tratam normal desde o diagnóstico. Claro, têm um cuidado a mais em questão de alimentação”, comenta.

Apesar das restrições, ela afirma que sua dieta não precisou de mudanças drásticas. “A única coisa que eu evito é leite e derivados. De resto, posso comer de tudo”, explica. Essa relativa liberdade na alimentação facilita sua participação em eventos sociais e encontros com amigos, sem grandes constrangimentos ou limitações.

Joyce aprendeu a lidar com a Doença Inflamatória Intestinal e hoje inspira outros jovens com sua história de superação.
Joyce aprendeu a lidar com a Doença Inflamatória Intestinal e hoje inspira outros jovens com sua história de superação. - Reprodução/Instagram @joyce_feeii

Saúde mental: um desafio silencioso

Se atualmente Joyce lida bem com a doença, nem sempre foi assim. Ela revela que, no período em que a DII estava ativa, sua saúde mental foi profundamente afetada. “Com certeza, afetou. Tive até uma crise depressiva. Eu tive que ser muito forte, mas, é claro, procurei ajuda médica”, relembra.

O acolhimento dos amigos também foi fundamental nesse processo. Embora não esteja inserida no ambiente escolar atualmente, ela ressalta que encontrou apoio nos círculos de amizade. Além disso, participa de um grupo de apoio específico para pessoas com DII, espaço que considera importante para compartilhar experiências e fortalecer-se emocionalmente.

Uma mensagem de força

Diante de tudo que viveu, Joyce não tem dúvidas sobre a força que carrega e que enxerga em outras pessoas que convivem com a DII. “Eu sou uma muralha de tão forte, não só eu, mas todos que têm a doença”, afirma com convicção.

Para os jovens que estão recém-descobrindo essa realidade, ela deixa uma mensagem de esperança: “Força. Parece que não vai ter fim, mas tem. Eu passei, você também vai conseguir”, finaliza.